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Estudante de Jornalismo, taurina e fã do Paul Morel. (Tudo que você precisa saber)

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Insônia Criativa: Nobody Knows



Ele se levantou da cama, a mulher ao seu lado abriu os olhos, mas manteve-se inerte, fingiu dormir.
Ele tirou do bolso de sua calça a carteira de cigarros, fumou vagarosamente. Primeiro algumas tragadas na varando do quarto, o resto fumou sentado na cama. Ao terminar virou-se e mirou a mulher ao seu lado. O lençol cobria-lhe apenas as nádegas, sua pele era alva, o cabelo negro estava embaraçado, jogado para o lado. Então, ele descobriu o que ainda estava coberto e se deitou ao seu lado, o braço envolvendo-lhe a cintura e sua perna sobre a perna dela. A noite não estava fria ele não se cobriu e nem a cobriu. Ele já era suficiente para ela e ela era suficiente para ele.
O dia amanheceu, ele acordou só, na cama. Ouviu talheres e pratos sendo postos a mesa. Vagarosamente se levantou, vestiu a roupa e saiu do quarto em direção a porta de saída. A mulher de cabelos negros e pele alva pareceu incrédula ao vê-lo ir embora.
- Se ia embora, por que não foi depois que fumou seu cigarro?
Ela não expressava raiva, mas decepção.
Ele se virou, os olhos meio doloridos, tentava mostrar descaso.
- Eu gosto de seu perfume.
- Então, por que não compra um pra você e dorme com o frasco ao lado?
Ele adorava quando ela era cínica, passando a mão pelo queixo disse:
- Ele só tem esse cheiro quando você o esta usando.
Ela fechou os olhos, ele podia prever a lágrima em seu rosto. Ela suspirou.
- Você nunca vai me perdoar?
- Você sabe que não sou bom nisso, conhece meu pai.
- Soube que vai viajar.
Ela vestia um Rob de cetim preto que ele adorava.
- Sim. Quer algo de lá?
Como ele previu a lágrima escorreu pelo seu rosto, ela nunca conseguiu segurar lágrimas e frear seus impulsos.
- Sai daqui Edu.
Ele se virou, as suas costas só mais duas palavras e uma pergunta:
- Me ama?
- Se não te amasse ficaria aqui, acredite em mim.
Então, ele saiu, fechou a porta, atrás de si a voz entrecortada:
- É claro.
Ele podia vê-la passar a mão pelo cabelo e escorregá-la pelo rosto. Depois, alguns soluços do lado de lá.

sábado, 27 de novembro de 2010

Histórias curtas - Júlia





Júlia se encostava a parede, parecia cansada. Enquanto lutava para manter seus olhos abertos, sua boca denunciava um pequeno sorriso. O cigarro havia sido posto em cima de uma pequena mesa de madeira, que queimava lentamente, com o avanço da brasa do cigarro alimentada pelo vento. Provavelmente, o cigarro teria voado se o copo de whisky não estivesse em cima dele.
- Você deveria estar dormindo. O que foi? Não consegue dormir?
- Parece que é você que deveria estar dormindo. – respondi olhando seus olhos cansados.
- Não sou eu quem tem aula amanhã cedo.
- A insônia nunca foi um problema para mim, você já deveria estar acostumada.
Difícil dizer de que cor são os olhos de Júlia, parece até que eles mudam de acordo com seu humor.
- Adoro quando seus olhos estão verdes.
- Por quê? – ela perguntava sorrindo, já sabia a resposta.
- É quando você esta feliz. O que aconteceu? Sou eu? – eu sorri, já sabia a resposta.
- É claro que é você.
- Então, por que não vem pra cama comigo?
Nós nos levantamos do chão frio, eu colei minha boca em seu pescoço e senti seu cheiro.
- Seu cigarro queimou minha mesa de mogno.
- Desculpa amor, eu não encontrei o cinzeiro.
- Tudo bem.
Júlia se deitou do lado esquerdo da cama, eu a abracei e ela adormeceu.
Logo cedo o despertador tocou. A mulher, deitada só na cama, abriu os olhos. Dois lindos olhos castanhos. O cigarro e o copo de whisky, em cima da mesinha de mogno.
O lado direito da cama estava intacto, já contavam dois meses de sua morte. Dois meses que Júlia só dormia depois de um copo de whisky e um cigarro.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Insônia criativa: A diva







A insônia é um distúrbio do sono. No meu caso ela tem hora marcada, sempre chega à meia noite, e além de ser pontual é criativa.
Na insônia da noite passada tive a oportunidade de ascender um cigarro e conversar com a Marilyn Monroe. Enquanto tomava whisky e tônica ela tomava água com gás.
Eu ofereci uma dose de meu whisky, mas ela falou que da última vez que tinha misturado ansiolíticos e álcool se deu mal. Decidi então, guardar meus comprimidos e ouvir o que ela tinha para falar. O que posso dizer é que ela fala muito, além de drogas e sexo ela contou que ventiladores de chão são maravilhosos e fazem bem a saúde. Prometi a ela que iria tentar. Ela então, me aconselhou a usar uma calcinha elegante.
Coloquei na minha lista de compras: ansiolíticos, cigarro e calcinha elegante. É claro que tive que riscar o whisky da lista, mediante ao que a Marylin me contou no início da conversa.
Por fim, é importante frisar: nunca desconfiem de uma diva, principalmente durante a madrugada, é mais fácil desconfiar da marca do whisky.


E fica a dica: máscara corretiva para os olhos, se você estiver lendo isso de madrugada. E se você encontrar a Marylin por aí fala pra ela que adorei o ventilador de chão. Já encomendei um para mim, chega semana que vem, até lá.

domingo, 7 de novembro de 2010

Diálogos que se tem na cama






- Está ouvindo isso?
- Isso o que?
-Nada, pensei que fosse o meu marido.
- Você é casada?
- Hunhun. Por que, algum problema com isso?
- Não ao contrário, sempre preferi mulheres comprometidas. Eu fico com o sexo e o marido com a fatura do cartão de crédito.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Desapego







Ele saiu pela rua. Noite crua, nua. Andava de ônibus, vendo as luzes se afastarem, vendo o tumulto da noite terrivelmente calma dentro de si. Por ele passaram tantas propagandas, luzes de tantas cores diferentes. Ele se metia em seu casaco de couro, esticava suas pernas, se espremia em duas cadeiras vazias, que ele gostaria que estivessem cheias.
Rodrigo desceu do ônibus, sim nosso rapaz de casaco de couro. Nosso personagem e sua cara, e seu enfado, e sua dor. Na sua cabeça tocava uma música qualquer, quem sabe uma que você goste. Ele levantou a gola de seu casaco, e andou sem saber exatamente onde parar.


DUAS NOITES ATRÁS
O mesmo ônibus. Era madrugada. O mesmo ritual, sempre a mesma coisa. Talvez ele tenha se perguntado algum dia, por que não? Mas essa noite foi diferente.
A pele alva e os cabelos negros. O sorriso compulsivo. Na boca, os lábios vermelhos brilhavam sem batom nenhum. Ela girava o doce em sua boca. A ponta de sua língua limpando seus lábios.
Ele estava no banco de trás, ela no banco da frente. Ela sorria para ele. Ele a olhava distante, ele desviou seu olhar. Alguns segundos depois sentiu cheiro de dolce gabana e um hálito quente que chegava a seu pescoço.


Continua próxima semana

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Damião E Maria

Damião comia Maria aos poucos. Sentia-se entorpecido pelo cheiro de prostituta, que a mulher exalava ao chegar em casa. Tarde da noite, Maria chegava comida várias e várias vezes por homens na rua. Damião não admitia, mas adorava o gosto de Maria, o sabor de mulher usada que ela tinha a noite.
Maria não queria que Damião soubesse que ela sabia. Ao chegar em casa logo começava seus comentários lascivos, que fascinavam Damião.
- Hoje foram três, um até me irritou. Ele queria me comer junto com o amigo dele e tu sabe Josilene, que desse jeito esculhamba é tudo. – Falava Maria, para sua amiga imaginária ao telefone. Perto da porta do banheiro, enquanto Damião urinava.
Damião ficava louco, primeiro de ciúmes depois vinha o tesão. Ele se demorava um pouco mais no banheiro e então, saia à procura da mulher.
Na cama chamava Maria de prostituta e a maltratava, mas Maria adorava. Ele a puxava para si, a enterrava na cama e a sufocava com seu peso. Apanhava seu queixo com a mão direita e gritava:
- Filha da puta – Com a boca cravada em seus lábios, sugando o ar que já faltava à Maria.
Pressionava sua perna contra o sexo da outra, que gemia e insistia em mentir dizendo que não queria. Maria se chocava, se tremia, se perturbava. O suor lhe percorria o corpo. Caia de seu pescoço, chegava aos seus seios e Damião o bebia. Nos últimos momentos chamava Maria de prostituta, enquanto ela gritava com o sorriso estampado nos lábios.
Logo pela manhã Maria saia de casa, com uma saia curta e batom vermelho espalhados acintosamente pelos lábios, dizendo a Damião que ia à casa da tal Josilene. Damião ainda fingia reclamar das roupas da mulher, então Maria gritava da porta:
- É que de lá eu vô trabalhá hômi.
Ela levava uma sacola consigo, não passava na casa de Josilene, na verdade ia até a casa de Zélia. Lá ela retirava a maquiagem e vestia a roupa de doméstica, enquanto Zélia falava:
- Ô mulhe, quando é eu tu vai fala pro Damião que largo a vida? Já faz dois mês. – Ela balançava a cabeça sem acreditar que Maria achava melhor deixar desse jeito.
- Tá loca Zéza, bom tá do jeito que tá!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Adoro ser quem sou


Adoro ser quem sou
Viver como vivo,
as vezes, chorar sem ser visto
Cantar, para só eu escutar
Sorrir, mesmo sem conseguir explicar o porque
Não gosto
de ser visto
de contar meus erros aos bandidos
de ser impulsivo ,(mesmo sempre o sendo e correndo riscos)
Odeio
Olhar pra trás
Perceber quem não fui
Por que como disse:
Adoro ser quem sou
E vivo persistindo nisso...




A meu grande amigo, que persiste e eu com ele, aprendendo SEMPRE!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O Barão Vermelho

Lara saiu do quarto de hospital, seus olhos estavam marejados e vermelhos. O castanho alegre de antes tinha se convertido em um verde triste.
Ela percorreu com a ponta dos dedos a parede do hospital, fechou os olhos e ouviu um murmurinho, uma canção, a luz era forte, ela desviava das pessoas enquanto equilibrava dois copos de vodka.
Um rapaz alto parou na sua frente e tomou um dos copos para si.
-Obrigado estava com sede.
Ela falou indignada:
-Cara folgado, não é pra você não.
Ele sorriu.
-Pra quem era então?
-Minha irmã, que droga vou ter que pegar outro.
-Deixa que eu pego, afinal tô te devendo.
Os dois caminharam em direção ao bar.
-Então, é assim que você paquera, roubando a bebida alheia?
Ela sorria.
-Quem disse que eu tô te paquerando. –Ele falou fazendo cara de indignado- Eu ia pegar a bebida e sair correndo. Mas...
- Mas? – ela cerrou os olhos encarando-o
-Percebi que você tá usando uma camiseta do Barão Vermelho, sabe, eu tenho princípios não roubo fãs do Barão.
Ela sorria enquanto pegava a bebida que o barman oferecia.
- Que bom, vou falar pra o meu namorado não se preocupar com você, afinal a camiseta é dele.
Ele sorriu amarelo e a acompanhou.
-Cara, você não me ouviu? Eu tenho namorado.
-É que eu preciso dizer uma coisa pra você. Esse negócio de princípios é balela, na verdade eu sou um ladrão descarado.
-Tá me avisando que vai roubar minha bebida, de novo?
-Não.
Ele se inclinou e a beijou.
Ela abriu os olhos, as paredes do hospital eram verdes e ela podia jurar que um pouco vermelhas. Então, respirou fundo e voltou para o quarto de hospital. O rapaz alto estava deitado na cama, um tanto mais velho, porém o mesmo. Tinha acabado de acordar. Ela se aproximou, beijou-lhe a testa e cantou baixinho, bem rente ao seu ouvido:
“Amor da minha vida, daqui até a eternidade, nossos destinos foram traçados na maternidade”.
Era a música de seu primeiro beijo ha vinte anos atrás.







Dedico essa história a minha irmã gêmea, Helen. Brigada irmanzi, por tudo!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Me Promete?

Arthur - Pai
Pai - O que é?
Arthur - Olha pra mim. Olha pra mim pai, por favor.
Pai - O que foi?
Arthur - Se lembra quando você disse que eu não precisava me preocupar? Que ia fazer de tudo por mim?
Pai - O que você quer dizer?
Arthur - Eu acreditei, eu realmente acreditei. Eu pensei...
Pai - Qual é o problema?
Arthur - Eu pensei que fosse ficar tudo bem . Que eu iria agüentar, mas é difícil. Não chora pai, a culpa não é sua.
Pai - Por que isso de novo, então?
Arthur - Eu não sei. Não sei explicar.
Pai - Eu me lembro, quando você tinha seis anos, eu estava na cozinha e te vi de longe, você estava sorrindo. Eu não te vejo sorrir ha dez anos.
Arthur - Ahan, eu nem me lembro quando foi a última vez, nem o porquê.
Pai - Que droga Arthur, por que você tinha que se parecer tanto com a sua mãe?
Arthur - A culpa não é dela, mas talvez hoje eu a entenda. Faz um favor pra mim? Dessa vez eu não quero voltar.
Pai - Por que eu faria isso?
Arthur - Por que você sabe que vou tentar até conseguir.
Pai - O que você quer que eu faça?
Arthur - O de sempre pai, meus comprimidos pra dormir e uma boa música.
Pai - Qual você quer?
Arthur - Coloca, Sounds of the Island.
Pai - Também é a minha preferida. Eu sabia que tinha te perdido no mesmo dia em que perdi sua mãe.
Arthur - Quando entrei no quarto me deitei perto dela, nem percebi. Acabei adormecendo, foi o sono mais tranqüilo da minha vida. Eu ainda podia sentir seu corpo quente. Pensei que estivesse dormindo.
Pai - A culpa não foi sua.
Arthur - Eu sei, mas me senti culpado por ter acordado e ela não. Me promete que eu não vou acordar, me promete?
Pai - Prometo. Não se preocupe meu filho, dessa vez eu não vou te acordar. Talvez, nem eu mesmo acorde.

domingo, 19 de setembro de 2010

Era tão macio, tão macio.

Eduardo mergulhou em sua piscina, enquanto nadava pensou em sua casa nos Jardins (Bairro nobre de São Paulo) e é claro, em sua piscina. Ao chegar do outro lado levantou sua cabeça para respirar, enxergou dois chinelos sujos, dois pés enrugados e oito dedos.
Ele então, suspirou e mergulhou novamente sua cabeça na água, quando voltou do fundo, tinha um sorriso nos lábios.
- Então, há quanto tempo saiu? Nem me telefonou.
Eduardo saiu da piscina com um salto e se dirigiu ao bar.
- O telefone que você me deu só dava fora de área.
- É realmente uma porcaria. Eles nunca funcionam.
- Na cadeia até que eles têm serventia.
Os dois riram da piada oportuna.
- Quer uma bebida? Um whisky?
Eduardo percebeu que estava pingando e antes de preparar a dose tratou de se enxugar, em seguida vestiu um roupão. O homem o observava, aquela toalha era tão branca, parecia ser tão macia. Sonhava com uma toalha assim a vida inteira, aliás sonhava com uma vida assim desde que nascera.
- Então, o que você quer?
- A minha parte no assalto.
Eduardo lhe entregou a bebida e voltou para preparar a sua. Ao dar as costas podia ouvir o homem sorver o whisky fazendo um barulho insuportável.
- Gostei da casa, você tem bom gosto.
Antes de se virar e encarar o homem, que agora estava sentado, desfez as rugas de asco no rosto e esboçou um sorriso modesto.
- Como me encontrou?
- Antigos amigos, eles sempre sabem de tudo.
- É verdade – Um gole de whisky e mais uma pergunta – Como entrou aqui?
- Gato é gato, não importa a idade, não é mesmo?
- É, gato é gato, até mesmo nos Jardins.
Os dois riram, lembrando do passado. Foi então, que ouviram uma voz feminina vindo do corredor.
- Amor, você não vai acreditar em quem acabou de sair da cadeia.
A mulher entrou no salão e sem esboçar qualquer reação completou:
- Ah, você já sabe.
O homem se levantou da cadeira como num pulo. A mulher ruiva de olhos verdes, que acabara de entrar no salão, ha dez anos atrás era loira e trabalhava como segurança de banco. Agora ele entendeu tudo, entendeu por que sua arma tinha travado enquanto recebia dois tiros, um no ombro e outro no pé esquerdo, daquela mesma mulher que estava na sua frente. E finalmente descobriu quem era a fonte de Eduardo no banco. O homem suspirou alto e olhou para Eduardo.
- Como sabia que eu não te entregaria?
- Se me pegassem, pegavam os diamantes também.
O homem bebeu o último gole e falou:
- OU eu sou um grande idiota, ou um ótimo professor.
- Que isso pai. Não seja modesto, você pode ser os dois.
Eduardo sorria, agora apontando uma arma para o pai, que com a cabeça baixa observava seus chinelos sujos, seus pés enrugados e seus oito dedos. Ao levantar a cabeça e ser atingido por dois tiros, só conseguiu enxergar o roupão branco e felpudo que seu filho usava, era tão branco, parecia ser tão macio, tão macio.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Seu Jorge

Henrique amava Carol, que era amiga de Camila, que gostava de Luiz Gustavo. Henrique não sabia quem era Luiz Gustavo, mas sabia que Carol ia à festa de Camila.
Festa na casa de Camila, Henrique olha para os lados procurando por Carol, ela esta segurando um copo de whisky com a mão direita e com a esquerda a mão de Luiz Gustavo, a cara de Camila não podia ter dado pista maior.
Henrique segura com a mão esquerda um copo de whisky e na direita seu coração.
Camila e Henrique se olham e dizem em coro:
- Puta que Pariu.
Camila segura um copo de vodka na mão direita, da esquerda deixou cair seu entusiasmo no chão.
Henrique se inquieta, mistura seu whisky com o indicador da mão direita. Nem percebeu que ali jogou seu coração. Em um só gole lá se foi sua bebida inteira.
Camila o olha assustada, mas se senta no sofá e coloca sua vodka no chão.
Henrique não sabia que a bebida tinha levado seu coração em direção ao estômago. Foi então, que ele não agüentou o enjôo que lhe subia à cabeça, e ele mesmo subiu em um balcão.
Respirando fundo, ele gritou:
- Carooooooooooool
A festa inteira o olha
- Seu Jorge esta certo Carol, Seu Jorge esta completamente certo.
Camila olha para Henrique em cima do balcão, em seguida desvia seu olhar para o DJ, e em três segundos, Seu Jorge já estava cantando tudo que Henrique estava dizendo.
Carol solta à mão de Luis Gustavo e olha para Henrique, ela sorri enquanto se aproxima dele.
- Desse daí Henrique, odeio escândalo. Sorte sua eu gostar dessa música.
Henrique desse do balcão e retribui o sorriso.
Camila se levanta do sofá, deixa a vodka no chão, mas não esquece o entusiasmo e foi caminhando em direção a Luiz Gustavo, meio sambando, cantarolando ao som de Seu Jorge:
- Luiz, Luiz, Luiz, Luiz, Luiz, Luiz, Luiz...

sábado, 4 de setembro de 2010

Como você esta?



- Como você esta?
Ela já tinha se acostumado a esta pergunta. Todos os dias de manhã e talvez outra vez durante a tarde.
- Estou bem. Por que me pergunta?
- Por que sim, me preocupo, você sabe que tenho razões para isso.
- Sei, mas não precisa mais se preocupar. As coisas estão mudando, me sinto mais forte.
- Desculpe se lhe irrito, mas te conheço. Eu te sinto melhor que ninguém, você sabe disso.
Já irritada ela se afastava, não queria mais ouvir essa pergunta. Ela estava bem, ela sentia isso. Porém, todos os dias era o mesmo ritual.
- Como você esta?
- Já falei, estou bem. Se você parar com isso vou me sentir melhor.
- Você sabe por que faço isso, quero seu bem.
- Mas, que coisa! Será que não vê? Eu estou bem. Por favor, pare com isso não suporto essa pergunta e você sabe bem por que.
- Sim, eu sei. Mas eu tenho que fazê-la, como já disse te conheço, melhor do que ninguém. Até mesmo melhor que você própria.
O dia seguinte foi a mesma coisa.
- Como você esta?
- Se não parar com isso eu mesma paro de vir aqui, você não me verá mais.
- Eu nunca vou perder você de vista, mesmo que tente se esconder de mim, você sabe disso.
Ela mais uma vez saiu dali com a sensação de que nunca pararia de ter que responder aquela pergunta. Duas semanas se passaram, a pergunta lhe era feita todos os dias. A resposta até aquela manhã era sempre a mesma: Estou bem!
- Como você esta?
- Acho que não preciso responder, você sabe exatamente como me sinto hoje.
- Como se sente hoje?
- Como no primeiro dia em que me fez essa pergunta.
- Você precisa ser forte.
- Tento todos os dias, você sabe disso.
- É verdade, eu sei disso.
Ela saiu do banheiro, não queria continuar aquilo. Com os olhos vermelhos se despediu de seu reflexo no espelho. Por hoje, a conversa tinha acabado.