Quem sou eu

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Estudante de Jornalismo, taurina e fã do Paul Morel. (Tudo que você precisa saber)

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Adoro ser quem sou


Adoro ser quem sou
Viver como vivo,
as vezes, chorar sem ser visto
Cantar, para só eu escutar
Sorrir, mesmo sem conseguir explicar o porque
Não gosto
de ser visto
de contar meus erros aos bandidos
de ser impulsivo ,(mesmo sempre o sendo e correndo riscos)
Odeio
Olhar pra trás
Perceber quem não fui
Por que como disse:
Adoro ser quem sou
E vivo persistindo nisso...




A meu grande amigo, que persiste e eu com ele, aprendendo SEMPRE!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O Barão Vermelho

Lara saiu do quarto de hospital, seus olhos estavam marejados e vermelhos. O castanho alegre de antes tinha se convertido em um verde triste.
Ela percorreu com a ponta dos dedos a parede do hospital, fechou os olhos e ouviu um murmurinho, uma canção, a luz era forte, ela desviava das pessoas enquanto equilibrava dois copos de vodka.
Um rapaz alto parou na sua frente e tomou um dos copos para si.
-Obrigado estava com sede.
Ela falou indignada:
-Cara folgado, não é pra você não.
Ele sorriu.
-Pra quem era então?
-Minha irmã, que droga vou ter que pegar outro.
-Deixa que eu pego, afinal tô te devendo.
Os dois caminharam em direção ao bar.
-Então, é assim que você paquera, roubando a bebida alheia?
Ela sorria.
-Quem disse que eu tô te paquerando. –Ele falou fazendo cara de indignado- Eu ia pegar a bebida e sair correndo. Mas...
- Mas? – ela cerrou os olhos encarando-o
-Percebi que você tá usando uma camiseta do Barão Vermelho, sabe, eu tenho princípios não roubo fãs do Barão.
Ela sorria enquanto pegava a bebida que o barman oferecia.
- Que bom, vou falar pra o meu namorado não se preocupar com você, afinal a camiseta é dele.
Ele sorriu amarelo e a acompanhou.
-Cara, você não me ouviu? Eu tenho namorado.
-É que eu preciso dizer uma coisa pra você. Esse negócio de princípios é balela, na verdade eu sou um ladrão descarado.
-Tá me avisando que vai roubar minha bebida, de novo?
-Não.
Ele se inclinou e a beijou.
Ela abriu os olhos, as paredes do hospital eram verdes e ela podia jurar que um pouco vermelhas. Então, respirou fundo e voltou para o quarto de hospital. O rapaz alto estava deitado na cama, um tanto mais velho, porém o mesmo. Tinha acabado de acordar. Ela se aproximou, beijou-lhe a testa e cantou baixinho, bem rente ao seu ouvido:
“Amor da minha vida, daqui até a eternidade, nossos destinos foram traçados na maternidade”.
Era a música de seu primeiro beijo ha vinte anos atrás.







Dedico essa história a minha irmã gêmea, Helen. Brigada irmanzi, por tudo!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Me Promete?

Arthur - Pai
Pai - O que é?
Arthur - Olha pra mim. Olha pra mim pai, por favor.
Pai - O que foi?
Arthur - Se lembra quando você disse que eu não precisava me preocupar? Que ia fazer de tudo por mim?
Pai - O que você quer dizer?
Arthur - Eu acreditei, eu realmente acreditei. Eu pensei...
Pai - Qual é o problema?
Arthur - Eu pensei que fosse ficar tudo bem . Que eu iria agüentar, mas é difícil. Não chora pai, a culpa não é sua.
Pai - Por que isso de novo, então?
Arthur - Eu não sei. Não sei explicar.
Pai - Eu me lembro, quando você tinha seis anos, eu estava na cozinha e te vi de longe, você estava sorrindo. Eu não te vejo sorrir ha dez anos.
Arthur - Ahan, eu nem me lembro quando foi a última vez, nem o porquê.
Pai - Que droga Arthur, por que você tinha que se parecer tanto com a sua mãe?
Arthur - A culpa não é dela, mas talvez hoje eu a entenda. Faz um favor pra mim? Dessa vez eu não quero voltar.
Pai - Por que eu faria isso?
Arthur - Por que você sabe que vou tentar até conseguir.
Pai - O que você quer que eu faça?
Arthur - O de sempre pai, meus comprimidos pra dormir e uma boa música.
Pai - Qual você quer?
Arthur - Coloca, Sounds of the Island.
Pai - Também é a minha preferida. Eu sabia que tinha te perdido no mesmo dia em que perdi sua mãe.
Arthur - Quando entrei no quarto me deitei perto dela, nem percebi. Acabei adormecendo, foi o sono mais tranqüilo da minha vida. Eu ainda podia sentir seu corpo quente. Pensei que estivesse dormindo.
Pai - A culpa não foi sua.
Arthur - Eu sei, mas me senti culpado por ter acordado e ela não. Me promete que eu não vou acordar, me promete?
Pai - Prometo. Não se preocupe meu filho, dessa vez eu não vou te acordar. Talvez, nem eu mesmo acorde.

domingo, 19 de setembro de 2010

Era tão macio, tão macio.

Eduardo mergulhou em sua piscina, enquanto nadava pensou em sua casa nos Jardins (Bairro nobre de São Paulo) e é claro, em sua piscina. Ao chegar do outro lado levantou sua cabeça para respirar, enxergou dois chinelos sujos, dois pés enrugados e oito dedos.
Ele então, suspirou e mergulhou novamente sua cabeça na água, quando voltou do fundo, tinha um sorriso nos lábios.
- Então, há quanto tempo saiu? Nem me telefonou.
Eduardo saiu da piscina com um salto e se dirigiu ao bar.
- O telefone que você me deu só dava fora de área.
- É realmente uma porcaria. Eles nunca funcionam.
- Na cadeia até que eles têm serventia.
Os dois riram da piada oportuna.
- Quer uma bebida? Um whisky?
Eduardo percebeu que estava pingando e antes de preparar a dose tratou de se enxugar, em seguida vestiu um roupão. O homem o observava, aquela toalha era tão branca, parecia ser tão macia. Sonhava com uma toalha assim a vida inteira, aliás sonhava com uma vida assim desde que nascera.
- Então, o que você quer?
- A minha parte no assalto.
Eduardo lhe entregou a bebida e voltou para preparar a sua. Ao dar as costas podia ouvir o homem sorver o whisky fazendo um barulho insuportável.
- Gostei da casa, você tem bom gosto.
Antes de se virar e encarar o homem, que agora estava sentado, desfez as rugas de asco no rosto e esboçou um sorriso modesto.
- Como me encontrou?
- Antigos amigos, eles sempre sabem de tudo.
- É verdade – Um gole de whisky e mais uma pergunta – Como entrou aqui?
- Gato é gato, não importa a idade, não é mesmo?
- É, gato é gato, até mesmo nos Jardins.
Os dois riram, lembrando do passado. Foi então, que ouviram uma voz feminina vindo do corredor.
- Amor, você não vai acreditar em quem acabou de sair da cadeia.
A mulher entrou no salão e sem esboçar qualquer reação completou:
- Ah, você já sabe.
O homem se levantou da cadeira como num pulo. A mulher ruiva de olhos verdes, que acabara de entrar no salão, ha dez anos atrás era loira e trabalhava como segurança de banco. Agora ele entendeu tudo, entendeu por que sua arma tinha travado enquanto recebia dois tiros, um no ombro e outro no pé esquerdo, daquela mesma mulher que estava na sua frente. E finalmente descobriu quem era a fonte de Eduardo no banco. O homem suspirou alto e olhou para Eduardo.
- Como sabia que eu não te entregaria?
- Se me pegassem, pegavam os diamantes também.
O homem bebeu o último gole e falou:
- OU eu sou um grande idiota, ou um ótimo professor.
- Que isso pai. Não seja modesto, você pode ser os dois.
Eduardo sorria, agora apontando uma arma para o pai, que com a cabeça baixa observava seus chinelos sujos, seus pés enrugados e seus oito dedos. Ao levantar a cabeça e ser atingido por dois tiros, só conseguiu enxergar o roupão branco e felpudo que seu filho usava, era tão branco, parecia ser tão macio, tão macio.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Seu Jorge

Henrique amava Carol, que era amiga de Camila, que gostava de Luiz Gustavo. Henrique não sabia quem era Luiz Gustavo, mas sabia que Carol ia à festa de Camila.
Festa na casa de Camila, Henrique olha para os lados procurando por Carol, ela esta segurando um copo de whisky com a mão direita e com a esquerda a mão de Luiz Gustavo, a cara de Camila não podia ter dado pista maior.
Henrique segura com a mão esquerda um copo de whisky e na direita seu coração.
Camila e Henrique se olham e dizem em coro:
- Puta que Pariu.
Camila segura um copo de vodka na mão direita, da esquerda deixou cair seu entusiasmo no chão.
Henrique se inquieta, mistura seu whisky com o indicador da mão direita. Nem percebeu que ali jogou seu coração. Em um só gole lá se foi sua bebida inteira.
Camila o olha assustada, mas se senta no sofá e coloca sua vodka no chão.
Henrique não sabia que a bebida tinha levado seu coração em direção ao estômago. Foi então, que ele não agüentou o enjôo que lhe subia à cabeça, e ele mesmo subiu em um balcão.
Respirando fundo, ele gritou:
- Carooooooooooool
A festa inteira o olha
- Seu Jorge esta certo Carol, Seu Jorge esta completamente certo.
Camila olha para Henrique em cima do balcão, em seguida desvia seu olhar para o DJ, e em três segundos, Seu Jorge já estava cantando tudo que Henrique estava dizendo.
Carol solta à mão de Luis Gustavo e olha para Henrique, ela sorri enquanto se aproxima dele.
- Desse daí Henrique, odeio escândalo. Sorte sua eu gostar dessa música.
Henrique desse do balcão e retribui o sorriso.
Camila se levanta do sofá, deixa a vodka no chão, mas não esquece o entusiasmo e foi caminhando em direção a Luiz Gustavo, meio sambando, cantarolando ao som de Seu Jorge:
- Luiz, Luiz, Luiz, Luiz, Luiz, Luiz, Luiz...

sábado, 4 de setembro de 2010

Como você esta?



- Como você esta?
Ela já tinha se acostumado a esta pergunta. Todos os dias de manhã e talvez outra vez durante a tarde.
- Estou bem. Por que me pergunta?
- Por que sim, me preocupo, você sabe que tenho razões para isso.
- Sei, mas não precisa mais se preocupar. As coisas estão mudando, me sinto mais forte.
- Desculpe se lhe irrito, mas te conheço. Eu te sinto melhor que ninguém, você sabe disso.
Já irritada ela se afastava, não queria mais ouvir essa pergunta. Ela estava bem, ela sentia isso. Porém, todos os dias era o mesmo ritual.
- Como você esta?
- Já falei, estou bem. Se você parar com isso vou me sentir melhor.
- Você sabe por que faço isso, quero seu bem.
- Mas, que coisa! Será que não vê? Eu estou bem. Por favor, pare com isso não suporto essa pergunta e você sabe bem por que.
- Sim, eu sei. Mas eu tenho que fazê-la, como já disse te conheço, melhor do que ninguém. Até mesmo melhor que você própria.
O dia seguinte foi a mesma coisa.
- Como você esta?
- Se não parar com isso eu mesma paro de vir aqui, você não me verá mais.
- Eu nunca vou perder você de vista, mesmo que tente se esconder de mim, você sabe disso.
Ela mais uma vez saiu dali com a sensação de que nunca pararia de ter que responder aquela pergunta. Duas semanas se passaram, a pergunta lhe era feita todos os dias. A resposta até aquela manhã era sempre a mesma: Estou bem!
- Como você esta?
- Acho que não preciso responder, você sabe exatamente como me sinto hoje.
- Como se sente hoje?
- Como no primeiro dia em que me fez essa pergunta.
- Você precisa ser forte.
- Tento todos os dias, você sabe disso.
- É verdade, eu sei disso.
Ela saiu do banheiro, não queria continuar aquilo. Com os olhos vermelhos se despediu de seu reflexo no espelho. Por hoje, a conversa tinha acabado.