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Estudante de Jornalismo, taurina e fã do Paul Morel. (Tudo que você precisa saber)

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Ein Wenig Wasser





Quando ela colocou Cazuza para tocar uma sensação estranha lhe tomou conta. O sol forte se espalhava pelo quarto, a lição de alemão cobria o chão, sentada próxima ao som, com os olhos um pouco fechados, ela repetia:
- Ein wenig wasser!
A boca não estava seca, nem a garganta pedia, mesmo assim essa frase tinha se apossado dela:
- Ein wenig wasser!
Os dias passavam, um aperto no peito prolongava a sensação de peso. Ao olhar para o horizonte ela enxergava a luz, não eram só carros, prédios, pessoas, era a luz.
- Já misturou vinho e azeite?
- Pensei que fosse água e azeite.
- Não, eu quero dizer vinho e azeite. Sabe molho pra salada?
- Não, eu nunca preparei nada. Mas já devo ter comido algo assim.
- Como a água o vinho não vai se misturar com o azeite, mas água não tempera salada.
- Aonde você quer chegar?
- Isso que você esta sentindo agora, é vinho com azeite.
- Vai ter que se esforçar mais, ainda não entendi nada.
- Mas poderia ser água com azeite. Às vezes você se sente no meio de um conflito, sabe? Às vezes agente não sabe se esta feliz ou triste. Pensa comigo. O vinho é como a felicidade, é suave, quem sabe intenso, te deixa leve, bêbado, e no final tem aquela sensação boa, sensação de prazer. O azeite é denso, ele vai ficar no fundo, é pesado, talvez seja a tristeza. O fato é que juntos os dois temperam muito bem uma salada. Mas faz o seguinte, troca o vinho pela água. Água não tempera salada, a água não tem gosto. Imagine a vida como uma salada, a tempere com azeite e vinho, você precisa dos dois pra viver, então é só desfrutar da vida e come-la feito uma salada.
- Você é louco.
- E digo mais, salada faz bem. Não engorda, ajuda o intestino a funcionar, e além de tudo deixa a pele uma maravilha. Olha só, pensando assim, você não só vive bem pra burro como também, mantém a pele bonita, o intestino limpo e aduba o mundo.
- Antenor
- Que foi?
- Eu não sei preparar molho pra salada, e nem gosto disso.
- Se preocupa não minha amiga, quando você sair do hospital eu te ensino. Agora você vai me prometer desistir dessa ideia de jogar a salada no lixo.


Ein Wenig Wasser - Um pouco de água

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O tempo passa e corta feito navalha, aos desavisados cuidado!





Não esperem muito de mim, eu mesma não espero, não gosto de esperar, na verdade odeio.
O tempo nunca me pediu desculpas por não ter me avisado, e eu nem eu mesma parei para perguntar que horas são. Culpa minha. Minha máxima culpa por não prestar atenção aos avisos, que deveriam, mas não estavam cobertos com tinta verde neon, piscando no escuro e brilhando, enquanto eu estava de olhos fechados. Enquanto assistia à sessão da tarde e pensava ser possível escrever e dirigir ao novo “Clube dos Cincos”. Eu deveria ter parado de acreditar na Xuxa quando ela dizia: “tudo é possível é só querer”. Deveria também me esquecer que o tempo existe e que o passado se faz presente. E deixar de acreditar que a esperança é a última que morre, quando na verdade é a primeira que mata. Alguém já disse isso? Talvez não com essas palavras.
Quando? Onde? Por quê? Como? Quem? E é claro: O que? Eu?
- Duas doses de whyski, por favor! Quero morrer com dignidade, me traz um verdadeiro Scotch, 18 anos, não quero problemas com o juizado de menores!
Me lembro como hoje, na verdade, me lembro de muita coisa, de um tempo em que minha casa cheirava a xarope! Quem não se lembra da infância que cheira a xarope? De morango, de uva, de... .
Eu sempre repito para mim: Pra frente SS, a coisa vai melhorar! Avante SS, existe algo do lado de lá! Vamos lá SS! E então, eu grito: SS, SS, SS, que porra é essa? Por que tem que ser assim e não assado? A verdade é que sempre preferi as coisas assado. Assim é fácil, sempre é assim!
Um veneno para curar meus males. Uma cura imediata para a dor, a morte na certa, as pragas tem que ser exterminadas. Veneno para vermes, insônia mata, cura e distrai.
Já se sentiram alheios ao mundo? Como se estivessem em outro lugar, menos aqui? Já foram ao supermercado e se perguntaram: Onde estão os Doritos Sweet Chili? Por que depois dele o outro não tem gosto. Já se depilaram com satinelle? (Nem queiram.) Já pararam na frente do espelho e disseram: Meu Deus, por que eu tô assim? Já se perguntaram: Aonde vai parar essa dor? Por que dentro do coração ela não vai caber! E o último e mais importante: Onde esta Wally? Quem nunca na vida se fez uma dessas perguntas, faça seu primeiro comentário.
Eu sei ser provável que você nunca leia isso, mas eu preciso dizer:
- Não quero mais!
Daí então, eu chamo o garçom e digo:
- Um antiácido pra curar essa azia, mais um antiácido pra curar essa azia. Aproveita e traz a conta. Eu preciso de ar.
DE AR PRA CURAR ESSA AZIA, DE AR PRA SENTIR VIDA, DE AR, DE TEMPO, DE ALGO ALÉM DE MIM QUE NÃO SEI EXPLICAR. Talvez de vida! Mas que merda, é sempre isso: VIDA.
A verdade é que, quando eu me pergunto: Onde esta Wally? Eu quero dizer: Onde estou?