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Estudante de Jornalismo, taurina e fã do Paul Morel. (Tudo que você precisa saber)

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Insônia Criativa: "Aline and Me"



Aline pouco se conhecia, na verdade nem a ela e nem o que lhe rodeava. Tudo tão perdido e vasto. Todas as coisas lhe cercando e lhe tirando o fôlego, lhe sufocando. Aline passa pela rua e observa o acumulo de pessoas do outro lado da rua, alguém ao chão, um corpo e pessoas em volta. Na verdade aquela é Aline, jogada ao chão, sua cabeça a falhar, seus olhos quase abertos buscando um tanto qualquer de luz, mas as pessoas estão lá. Elas estão ao seu redor, lhe sufocando e lhe negando a luz, que naturalmente devia chegar aos seus olhos sem que ela precisasse fazer o mínimo de esforço. Mas eles estão lá, e continuam lá. Será que imaginam que ela gostaria de luz e ar?
O ônibus passa e Aline passa com ele, o corpo no chão ainda lhe acena com o olhar, ela não responde e o ônibus segue seu curso. Dois minutos até a próxima parada, ela deveria parar aqui, mas isso não faz seu estilo. Um pouco mais para pensar, por um instante o cheiro de doença, que lhe era comum na infância. Poderiam pensar que ela não gosta desse cheiro, mas é libertador para Aline pensar que o que lhe consumia antes era mais fácil de curar.
Talvez, se ela não tivesse soltado minhas mãos naquele dia de chuva, naquele dia em que a luz chegava naturalmente até seus olhos, mas Aline fez questão, ela simplesmente tirou suas mãos das minhas, ainda tentei evitar, ainda a olhei pedindo silenciosamente que não.
Tento não pensar, de quem são as mãos que Aline insiste em segurar. Gostaria de lhe apertar os dedos lhe dando conforto, pedindo que se afaste do passado que lhe perturba e lhe possui. Tudo em vão. A única coisa que me resta então, afastar as pessoas de seu corpo jogado ao chão. Elas abrem caminho para mim, consigo enxergar seus olhos sob a luz, um pequeno raio que lhe faz abrir mais os olhos. Finalmente consigo ouvir a respiração de Aline, um suspiro. Minha orelha encostada em seu peito. Um pequeno sorriso em seus lábios. Aline desceu do ônibus, eu continuo tentando em vão lhe segurar novamente as mãos.

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