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Estudante de Jornalismo, taurina e fã do Paul Morel. (Tudo que você precisa saber)

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Desapego







Ele saiu pela rua. Noite crua, nua. Andava de ônibus, vendo as luzes se afastarem, vendo o tumulto da noite terrivelmente calma dentro de si. Por ele passaram tantas propagandas, luzes de tantas cores diferentes. Ele se metia em seu casaco de couro, esticava suas pernas, se espremia em duas cadeiras vazias, que ele gostaria que estivessem cheias.
Rodrigo desceu do ônibus, sim nosso rapaz de casaco de couro. Nosso personagem e sua cara, e seu enfado, e sua dor. Na sua cabeça tocava uma música qualquer, quem sabe uma que você goste. Ele levantou a gola de seu casaco, e andou sem saber exatamente onde parar.


DUAS NOITES ATRÁS
O mesmo ônibus. Era madrugada. O mesmo ritual, sempre a mesma coisa. Talvez ele tenha se perguntado algum dia, por que não? Mas essa noite foi diferente.
A pele alva e os cabelos negros. O sorriso compulsivo. Na boca, os lábios vermelhos brilhavam sem batom nenhum. Ela girava o doce em sua boca. A ponta de sua língua limpando seus lábios.
Ele estava no banco de trás, ela no banco da frente. Ela sorria para ele. Ele a olhava distante, ele desviou seu olhar. Alguns segundos depois sentiu cheiro de dolce gabana e um hálito quente que chegava a seu pescoço.


Continua próxima semana

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